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URIBE-OPAZO, M. A. et al.

agronegocio, a partir da expansao da produçao industrial
assentada no “modelo de substituiçâo das
importaçoes”. Porém, inicialmente, ela estava dirigida
para a produçao de bens de consumo nao-duraveis e,
depois, para a produçao de bens de consumo duraveis,
intermediarios e de capital. Assim, a partir da década de
1980, a agricultura deixou de ser um setor econômico
distinto, com o fortalecimento das indùstrias de base
agricola.

Essa evoluçao na agricultura brasileira ainda nao
havia levado o Brasil ao
status de economia industrial,
pois, segundo Montoya & Guilhoto (2000), a participaçao
relativa dos agregados no agronegocio, no ano de 1980
era de 8,67% e, a jusante, de 59,83%.

A produçao rural passou a situar-se,
economicamente, entre as indùstrias produtoras de bens e
insumos para a agricultura (a montante) e as indùstrias
processadoras e de serviços de base agricola (a jusante).

Com as propriedades mais especializadas em
determinadas atividades, sem auto-suficiência, gerando
excedentes e abastecendo outros mercados, bem como
com a ampliaçao de estradas, armazéns, portos, aeroportos,
novas técnicas e bolsas de mercadorias, a agricultura de
antes passou a depender de muitos serviços, maquinas e
insumos que vêm de fora.

Criou-se, portanto, um elo em todo o processo
produtivo e comercial de cada produto. Surgiu, assim, a
necessidade de uma concepçao diferente de agricultura.
Ja nao se tratam, segundo Araùjo (2003), de propriedades
auto-suficientes, mas de um complexo de bens, serviços e
infra-estruturas que envolvem agentes diversos e
interdependentes.

Silva (1998, p. 145) citando as palavras de Lênin,
afirma que:

(...) da agricultura se separam, um apos o outro, diferentes
tipos de transformaçao das matérias-primas (...) e formam-
se ramos industriais com existência propria, que trocam
seus produtos (que agora ja sao
mercadorias) por
produtos da agricultura. Desta maneira, a propria
agricultura se transforma em indùstria (...) e nela se opera
idêntico processo de especializaçao.

Davis & Golberg (1957) enunciaram a soma das
operaçoes de produçao e distribuiçao de suprimentos
agricolas, das operaçoes de produçao nas unidades
agricolas, do armazenamento, do processamento e da
distribuiçao dos produtos agricolas e dos itens produzidos
a partir deles, como sendo o novo conceito de
agribusiness.

A idéia basica de Davis & Goldberg (1957) era a de
que os problemas relacionados com a produçao de
alimentos eram muito mais complexos que a simples
atividade rural. Por isso, esses problemas deveriam ser
tratados sob enfoque sistêmico de
agribusiness e nao mais
sob o enfoque estatico da agricultura.

Assim, os produtores integrantes do sistema
(insumos, processamento e distribuiçao) passaram a olhar
nao so para seus clientes e fornecedores imediatos, mas,
principalmente, para os consumidores finais.

(...) a agricultura ja nao poderia ser abordada de maneira
indissociada dos outros agentes responsaveis por todas
as atividades que garantiriam a produçao, transformaçao,
distribuiçao e consumo de alimentos (BATALHA, 1997,
p. 25).

Surgia, entao, uma teia de relacionamentos
econômicos e contratuais entre diversos atores que formam
os chamados negocios do sistema agroindustrial. Isso é
compreendido desde a produçao dos insumos, produçao
agricola, processamento e distribuiçao do produto
processado,até chegar às maos do consumidor.

Para Batalha (1997), esse conjunto de atividades
que concorrem para a produçao de produtos
agroindustriais, desde a produçao de insumos (sementes,
adubos, maquinas agricolas, etc) até que o produto final
(queijo, biscoito, massas, etc) chegue ao consumidor,
chama-se Sistema Agroindustrial. Ja um Complexo
Agroindustrial tem como contrapartida determinada
matéria-prima de base. Sob o conceito do referido autor,
tem-se o complexo da soja, o complexo do leite, etc.

Na cadeia de valor do agribusiness brasileiro, as
cooperativas têm importante participaçao. De acordo com
dados da OCB (2002), no Brasil existem 3.548 cooperativas
que totalizam 3,2 milhoes de associados e 135 mil
funcionarios. O setor agropecuario, principal segmento
do cooperativismo, tem 1.393 cooperativas, reunindo 1,2
milhao de agricultores e 87 mil funcionarios. As
cooperativas brasileiras agropecuarias possuem 600
indùstrias e 300 unidades de beneficiamento, além de
serem responsaveis por 75% da produçao nacional de
trigo, 40% da produçao de açùcar, 32% da produçao de
alcool, 37% da produçao de soja, 52% do leite sob
inspeçao federal, 50% da produçao de suino, 65% da
produçao de la, 35,4% da produçao vinicola e dispoem
de uma planta industrial bastante diversificada, com mais
de 600 indùstrias e 300 unidades de beneficiamento de
produtos agropecuarios. .

Organizaçoes Rurais & Agroindustriais, Lavras, v. 8, n. 3, p. 295-312, 2006



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