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RIBEIRO, E. C. B. & QUEDA, O.
No periodo pesquisado, o laticinio processava 3.500
litros/dia de leite, dos quais 600 l/dia era produçao propria
e 2.900 l/dia eram provenientes de pequenos produtores
da regiâo de Araraquara. O Iaticinio possui dois caminhδes
abertos para fazer a coleta em cinco rotas diferentes, e
coletam o leite em latoes. Conforme os proprietarios, a
miniusina esta se preparando financeiramente para adquirir
tanques de resfriamento que serâo instalados em pontos
estratégicos para os produtores de leite. Segundo os
proprietarios do laticinio, sera investido uma média de
R$100.000,00 pois, além dos resfriadores, o laticinio
precisara adquirir um caminhào fechado e refrigerado para
a captaçâo do leite e capacitar o motorista para proceder
às analises de qualidade no momento da coleta do leite.
Eles desconhecem linha de crédito com juros acessiveis
para tal investimento. Quanto ao valor pago pelo litro de
leite aos produtores nâo havera nenhum acréscimo, em
virtude do grande investimento realizado pelo laticinio e,
também, porque, pelo valor de mercado, nào esta havendo
diferencial no preço do leite granelizado. Sera pago um
acréscimo apenas ao produtor onde o tanque ficara
instalado. Conforme os proprietarios, na época da seca do
ano de 2005, o mercado reagiu muito. Nesse episodio, o
preço do leite pago ao produtor caiu, em época em que os
preços aos produtores deveriam subir, e isso, devido ao
aumento da oferta de leite nos principais estados
produtores, e devido ao crescimento das importaçèes”Nâo
temos a intençào de baixar o preço pago aos produtores, a
menos que o mercado nos force a isso, isso nâo é justo”.
O laticinio, no periodo pesquisado pagava aos
produtores um preço médio de R$0,48 pelo litro de leite
(valor liquido), assumia as despesas com frete e fornecia
assistência técnica (veterinario do laticinio).
Esses produtores que nos fornecem leite sao fiéis ao
Ialiclnio desde o ano de 1994, quando começamos a
comprar leite de terceiros. Sempre procuramos orientà-
los quanto às estratégias das grandes empresas que
atuam comprando leite em nossa regiao, que pagam um
valor alto pelo litro de leite ao produtor, mas com a
finalidade de falir os pequenos e comprar os médios e
grandes Iaticmios, como està acontecendona regiao de
Sao Carlos, mas depois começam a ditar novamente o
preço do leite ao produtor, que nao dà nem para cobrir
os custos.
A miniusina começou a produçâo apenas com leite
pasteurizado tipo C e queijos tipo Minas Frescal, mas
atualmente produz também bebida lactea, iogurte, ricota e
leite pasteurizado tipo B. Tem projetos para produzir
manteiga, requeijâo e doce de leite, mas para isso, precisa-
se investir em outros ativos.
A empresa tem um canal de comercializaçâo
conquistado pela boa aceitaçâo da marca nas cidades de
Sâo Carlos, Ibaté e Araraquara. Os produtos sâo entregues
a padarias, supermercados diversos, restaurantes, hotéis,
sorveterias e Prefeitura de Sâo Carlos. Segundo os
proprietarios, “a prefeitura podia incentivar ainda mais os
pequenos laticmios, nâo permitindo que laticinios de outras
regioes participassem das licitaçoes”. A distribuiçâo dos
produtos ao varejo é terceirizada, feita em caminhoes
fechados e refrigerados. O laticinio toma o cuidado de
recomendar às pessoas, responsaveis pela distribuiçâo,
que façam um trabalho com os proprietarios de pontos de
venda, a fim de nâo deixarem os produtos nas caixas fora
da geladeira, para nâo comprometer a qualidade dos
mesmos.
Quanto a incentivos politicos, a prefeitura de Sâo
Carlos organizou a Associaçâo da Agricultura Familiar,
onde sâo comercializadas frutas, legumes, verduras, leite e
derivados provenientes da produçâo familiar. Parte do
dinheiro investido nesse projeto é proveniente de
empréstimo junto ao Banco do Brasil e parte é de recursos
proprios. Existem algumas linhas de crédito do governo,
mas sâo voltadas aos produtores familiares, para que
invistam na propriedade e na agregaçâo de valor aos
produtos, tais como o Fundo de Expansâo da Agropecuaria
e da Pesca (FEAP), que é do estado de Sâo Paulo e o
Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura
Familiar (Pronaf). O FEAP tem financiamentos com juros
de 4% ao ano e o prazo de pagamento varia entre dois a
quatro anos. Sendo para miniusina de leite, dispoe de um
valor maximo de R$100.000,00, e o financiamento é realizado
junto à Associaçoes e Cooperativas, majoritariamente
constituidas por pequenos produtores, com prazo para
pagamento de até 3,5 anos com carência de seis meses.
Destina-se aos agricultores familiares da agricultura
paulista, que podem contar com condiçoes mais favoraveis,
em custos financeiros e prazos, que as vigentes no sistema
oficial de crédito rural. Assim, esses produtores poderâo
desenvolver e aprimorar a sua produçâo agropecuaria.
Através desse apoio do governo, as pequenas
agroindùstrias podem agregar valor à sua produçâo
agropecuaria, propiciando elevaçâo de ganho de renda e
um mercado regionalizado para seu produto. Os programas
do Banco do Brasil, excetuando-se o Programa Nacional
de Fortalecimento da Agricultura Familiar (PRONAF) têm
juros de 8,75% mais Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP),
o que chega a um total de quase 10,5% ao ano.
Organizaçoes Rurais & Agroindustriais, Lavras, v. 9, n. 2, p. 216-228, 2007