Miniusinas de leite como alternativa...
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Ja o Pronaf, que na regiâo sudeste esta vinculado
ao Banco do Brasil, tem como um de seus principais
objetivos a reduçào da pobreza que atinge os agricultores
familiares no Brasil. O programa busca assegurar acesso
ao crédito aos pequenos produtores de forma barata, além
de integra-los a outras politicas de desenvolvimento rural,
como suporte ao desenvolvimento de infra-estrutura e
assistência técnica. É dividido em diversos grupos,
existindo também financiamentos para agropecuaria e
investimentos para implantaçào, recuperaçào, ampliaçào e
modernizaçào de unidades agroindustriais. Abramovay &
Piketty (2005) afirmam que a existência, no Brasil, de bancos
comerciais pertencentes ao Estado, abriu um caminho de
intermediaçâo financeira ao qual os bancos privados
dificilmente adeririam. Entretanto, o predominio, no Banco
do Brasil, de uma logica estritamente bancaria trouxe duas
conseqüências basicas: em primeiro lugar, o Banco volta
sua atençâo aos segmentos de maior renda e maior
integraçào a mercados estaveis da agricultura familiar; além
disso, o Tesouro paga ao Banco do Brasil um prêmio - que
vai se tornando tanto maior quanto mais se amplia a base
social do PRONAF - por lidar com um pùblico diferente de
sua clientela habitual.
Conforme o regulamento da Associaçâo da
Agricultura Familiar, no que diz respeito aos laticmios, so
irào se beneficiar dessa alternativa quem estiver regularizado
no SIM (Serviço de Inspeçào Municipal), SISP (Serviço de
Inspeçâo do Estado de Sao Paulo) ou SIF (Serviço de
Inspeçào Federal). Essa iniciativa esta sendo considerada
como um grande incentivo para que alguns produtores saiam
da informalidade, respeitando as especificaçôes legais e
atendendo a critérios exigidos para garantir a qualidade do
produto e a segurança do consumidor.
Segundo os proprietarios do laticinio , o apoio
pùblico à pequena agroindùstria
esta sendo a esperança de muitos produtores familiares,
pois um dos problemas da maioria deles é o local para
Comercializar sua produçao. O fato de ter leite e
derivados vai ser um grande incentivo também para
produtores familiares de leite, pois esse tipo de projeto
raramente envolve produtores de leite. Para o cliente
também vai ser bom, pois encontrara produtos lacteos,
naoprecisando assim ir até outro estabelecimento para
terminar a compra da semana
De acordo com os proprietarios, o maior
concorrente do laticinio é o leite informal, sendo de grande
circulaçào na cidade de Sào Carlos.
A informalidade é uma opçao viavel para produtores
que nao têm condiçoes financeiras para se formalizarem.
É mais rentavel que entregar para cooperativas. Apesar
da informalidade prejudicar o andamento do laticmio e
ser uma pratica prejudicial à saùde da populaçao,
entendemos a situaçao desses produtores, porque para
se formalizar no mercado nao é facil, e precisa de capital,
e nem sempre eles conseguem algum tipo de empréstimo
e assistência técnica na produçao do leite e no
gerenciamento do laticmio.
Segundo Schneider (1999), em Santa Catarina, existiu
uma associaçào denominada Associaçào de MunicIpios
do Vale do Itajai, em que as Prefeituras da regiào criaram
uma area de livre comércio entre os municipios e investiram
em marketing junto à populaçào, para que valorizassem
produtos da regiào, divulgando os beneficios dessa
iniciativa. Para acompanhar e orientar este trabalho com
os produtores, a Associaçào estruturou uma equipe
técnica, e o alvara de funcionamento para o
estabelecimento estava condicionado à adequaçào dos
produtores às exigências em estrutura fisica, funcionalidade
e higiene, determinada pela equipe técnica. Restava saber
se, para o produtor familiar, essa iniciativa seria interessante
o suficiente para que passasse a ser um microempresario,
e assumisse todas as exigências quanto à estrutura fisica e
produtiva para viabilizar o empreendimento. Embora tenha
surgido como alternativa interessante de apoio à produçào
familiar, o projeto acabou nào dando certo. Uma das
explicaçoes para isso, segundo Schneider (1999), vem da
falta de recursos financeiros para auxiliar esses produtores
quanto às exigências fisicas e quanto ao apoio técnico e
gerencial.
Muitas tentativas de promover a modernizaçào e
mudanças no sistema de produçào dos produtores
familiares têm fracassado por nào reconhecerem as
condiçoes reais dos mesmos - disponibilidade de recursos,
nivel de qualificaçào, acesso ao mercado, assistência
técnica, falta de organizaçào (associaçào ou cooperativa),
etc. Cria-se uma estrutura econômica ineficiente, cujo
rendimento é inferior ao previsto, e que se agrava devido
ao desnivel entre o fluxo de capital de giro, requerido para
manter o processo de trabalho, e os recursos disponiveis.
Uma vez esgotados os recursos externos que financiam
tais inovaçoes, muitas areas e praticas sào simplesmente
abandonadas por causa da impossibilidade de sustentar
os gastos exigidos (EMBRAPA, 2004).
É interessante salientar, ainda, que existe uma série
de problemas que interferem na produtividade e na
Organizaçoes Rurais & Agroindustriais, Lavras, v. 9, n. 2, p. 216-228, 2007