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RIBEIRO, E. C. B. & QUEDA, O.
lactaçao e, como conseqüência, comprometeu a eficiência
do laticmio, uma vez que nao compram leite de terceiros.
Contrataram assistência técnica e o problema jâ esta sendo
solucionado, mas tudo isto gasta tempo e dinheiro.
Em relaçao a incentivos politicos, nunca puderam
contar com nenhuma linha de empréstimo do governo.
Quanto à Prefeitura, nunca receberam nenhum tipo de
incentivo e desconhecem projetos voltados para o setor.
A Prefeitura poderia ajudar bastante se fiscalizasse a
quantidade de leite informal comercializado na cidade,
mas nem isso ela faz.
O laticinio é registrado no SISP que, segundo os
proprietârios, na maioria das vezes, atém-se a detalhes na
estrutura fisica do laticinio e jâ chegam querendo multar.
Daqui a algum tempo, apenas as grandes empresas vao
se manter no mercado, e a entrada das grandes
multinacionais no Brasil vao forçar até mesmo as grandes
empresas nacionais a fecharem as portas”.
3.4 Miniusina D
A miniusina D estâ localizada na zona rural, a 12
Km da cidade de Tabatinga/SP. Foi fundada no ano de
2000, por dois produtores, pai e filho, que tinham por
objetivo ter uma atividade em que pudessem trabalhar.
Trata-se de um médio produtor, atualmente produzindo
700 litros de leite/dia, tendo a propriedade rural (230 ha) e
a miniusina como principal fonte de renda para o sustento
da familia.
A atividade da propriedade é quase
exclusivamente pecuâria leiteira, tendo algumas galinhas
poedeiras e horta para consumo proprio. A coleta de
leite é feita com ordenhadeira mecânica, realizada com
mao-de-obra contratada. A alimentaçao do gado consiste
de pastagem nao adubada e cana-de-açùcar no periodo
da seca. Antes de se montar o laticinio, o leite produzido
na propriedade era vendido para uma cooperativa de
médio porte, situada na cidade de Itâpolis. Nunca
tiveram problemas quanto a preço ou falta de pagamento,
pois o montante de leite que era entregue (700 litros/
dia) era compensatorio para a cooperativa, o que dava
aos produtores poder de barganha no preço final do
produto.
Quando houve a idéia de montar a miniusina, os
atuais proprietârios, pai e filho, reuniram os pequenos
produtores de leite da regiao de Tabatinga e Ibitinga, e
fizeram a proposta de montarem uma cooperativa, no qual
os produtores estariam entregando o leite produzido para
a miniusina, mas nao teriam nenhuma participaçao na
mesma. A idéia era dos produtores se juntarem para
comprar matéria-prima, obter assistência técnica e
melhorar a eficiência da produçao na propriedade rural.
Os produtores nao acharam a proposta compensatoria
pois queriam alguém que fosse neutro às duas atividades
para mediar a negociaçao. Segundo um dos proprietârios
da miniusina,
ainda temos interesse em que esses produtores se
organizem em cooperativa, para que o laticmiopegue
o leite deles, para podermos diversificar a produçao
com iogurte, bebida làctea e outros derivados do leite.
Ajuda também porque elimina algumas rotas na coleta
do leite.
O laticinio utiliza leite proprio, mas também capta
de três pequenos produtores (cada um produz até 100
litros/dia). A captaçao do leite é terceirizada e o proprio
produtor paga pelo frete. Segundo os proprietârios do
laticinio,
queremos aumentar a produçao do laticmio, mas
os produtores da regiao estao optando por produzir
laranja e quando produzem leite, preferem vender
de maneira informal ou fazer derivados, como
queijos e doces, e vender também na informalidade.
O laticmio tem interesse em aumentar a produçao,
mas nao conseguimos empréstimo que seja viàvel,
pois os juros de banco sao muito altos. Esses
empréstimos seriam necessàrios para aumentar a
produçao de leite na fazenda, para nao dependermos
de outros produtores.
A produçao atual do laticinio consta de leite
pasteurizado tipo C, e tem como projeto produzir iogurte e
bebida lâctea, para utilizar a sobra do leite em algumas
épocas. Jâ entraram em contato com os pontos de venda
de leite pasteurizado, que manifestaram interesse em
comercializar o iogurte e a bebida lâctea da mesma marca.
Entregaram ao SISP a documentaçao necessâria para
produçao de iogurte e bebida lâctea, com as embalagens
dos produtos, mas o processo de aprovaçao é muito
burocrâtico, levando em média um ano para ser aprovado.
O laticinio é registrado no SISP, mas os proprietârios
fizeram a seguinte colocaçao:
Organizaçoes Rurais & Agroindustriais, Lavras, v. 9, n. 2, p. 216-228, 2007