GOVERNANÇA E MECANISMOS DE CONTROLE SOCIAL EM REDES ORGANIZACIONAIS



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TURETA, C. et al.

A reputaçâo esta diretamente associada a atributos
como carater, habilidades e confiança dos individuos e é
extremamente importante sob condiçoes de incerteza e
trocas customizadas, além de salvaguardar as trocas por
meio da reduçào de incertezas comportamentais, uma vez
que propicia informaçoes sobre a confiabilidade e a
benevolência de outrem. A reputaçâo tem um papel
fundamental na rede, pois esta que decide quem
continuara mantendo interaçoes de trocas sucessivas
com os outros participantes. Contudo, é preciso cuidado
no que concerne à avaliaçâo da reputaçâo dos atores,
pois informaçoes sobre um dado individuo podem ser
imprecisas e ou mal interpretadas (JONES et al., 1997) o
que, forçosamente, levaria a uma deturpaçâo sobre as
futuras intençoes do mesmo.

Com o intuito de demonstrar o efeito ocasionado por
estes elementos, Jones et al. (1997, p. 934) salientam que:

Os mùltiplos mecanismos sociais como acesso restrito,
macrocultura, sansoes coletivas e reputaçâo interagem
para decrescer os custos de coordenaçâo e elevar a
salvaguarda das trocas customizadas. Quanto mais esses
mecanismos sociais sâo usados, a probabilidade da
governança em redes emergir e prosperar é acentuada
através da supervisâo de tarefas complexas e customizadas
num mercado em rapidas mudanças.

É comum encontrar na literatura sobre governança
em redes a idéia do desenvolvimento da cooperaçâo e da
confiança para assegurar a açâo coletiva. Por outro lado,
mesmo perpassando pela concepçâo de imbricaçâo social,
as teorias de rede nâo consideram as assimetrias
decorrentes das relaçoes entre os agentes (GOBBI et al.,
2004). O poder se apresenta, entâo, como uma variavel que
interfere significativamente no funcionamento da estrutura
relacional da rede. Por isso, é preciso reconhecer que a
organizaçâo constituida entre empresas é intrinsecamente
politica, em que se faz necessaria a criaçâo de ordens e
direcionamentos que governem as pessoas com interesses
potencialmente diversos e conflitantes. A manifestaçâo da
polftica em uma organizaçâo é mais bem visualizada na
ocorrência de conflitos, jogos de poder e nas intrigas
interpessoais. De acordo com Morgan (1996, p. 163), o
poder pode ser definido como “o meio através do qual
conflitos de interesses sâo, afinal, resolvidos. O poder
influencia quem consegue o quê, quando e como”.

Essa concepçâo de poder evidencia como um
processo intencional que visa à consecuçâo de
determinados fins e o alcance de resultados esperados,
ainda que contra a resistência de outrem, pressupondo
uma relaçâo de assimetria entre dois ou mais atores numa
dada relaçâo. Todavia, o poder nâo emerge somente de
maneira explicita, mas pode ocorrer também, mesmo que
de forma intencional e estratégica, de maneira
dissimulada ou indireta, atingindo seu apice na
manipulaçâo do desejo dos outros individuos,
controlando seus pensamentos e assegurando
obediência (PROCÔPIO & FRANÇA FILHO, 2004).

Nas redes, a dicotomia entre dependência e
diversidade de interesses pode ocasionar tensoes que nem
sempre sâo resolvidas pela fixaçâo de regras, tornando
necessario o estabelecimento do “jogo politico” dentro de
uma rede de atores. O foco da interaçâo entre os atores
esta voltado para a resoluçâo de tensoes, confrontando as
dependências e a divergência de interesses, na qual os
atores percebem a arena politica e optam por estratégias
especificas (KLIJN & KOPPENJAN, 2000). Dentro deste
espaço conflitante e eminentemente assimétrico, no que
tange aos relacionamentos, ha a necessidade do
estabelecimento de mecanismos de controle sociais que
sejam capazes de reduzir as tensoes, incertezas e
complexidade na execuçâo das atividades da rede,
possibilitando salvaguardar as trocas e reduzir os custos
de coordenaçâo.

3 METODOLOGIA

A rede de PMEs estudada situa-se na Zona da
Mata Mineira. Sua fundaçâo ocorreu em dezembro de
1999, sendo constitrnda, na época da pesquisa, por onze
associados, com dezenove lojas no total. A escolha da
rede como objeto de estudo teve as seguintes
motivaçoes: 1) ser uma rede relativamente nova e que ja
apresenta resultados significativos; 2) estar situada
numa regiâo em que a competitividade entre as
organizaçoes deste segmento é cada vez mais acirrada;
3) possuir apenas empresas de pequeno e médio porte,
dada a importância destas para a nossa economia e 4)
ser a rede de PMEs do segmento supermercadista com
maior destaque na regiâo.

Na pesquisa, foi empregado um método
qualitativo-descritivo, no qual se optou pelo estudo de
caso, tal como proposto por Yin (2001). As caracteristicas
do fenômeno estudado permitem que se retrate um nivel
de realidade que nâo pode ser quantificado, na
perspectiva da tradiçâo fenomenologica, em que “(...) a
tarefa do cientista social nâo é levantar fatos e medir a
freqüência de certos padroes, mas apreciar as diferentes

Organizaçoes Rurais & Agroindustriais, Lavras, v. 8, n. 1, p. 58-70, 2006



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