GOVERNANÇA E MECANISMOS DE CONTROLE SOCIAL EM REDES ORGANIZACIONAIS



Governança e mecanismos de controle social ...

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Evidencia-se, pois, que um agente que exercer a
liderança no grupo podera, mesmo sem infringir as regras
e sem utilizar o poder formal anteriormente mencionado,
conquistar vantagens em detrimento daqueles que nao
possuem a caracteristica de lider. É justamente nesta
situaçao que qualquer agente, de posse do atributo de
lider, poderia exercer poder de maneira dissimulada e
indireta, manipulando o desejo e controlando o pensamento
dos outros atores, tal como foi ressaltado por Procopio &
França Filho (2004). No que concerne a estas questoes,
constatam-se visoes divergentes no espaço da rede. Por
um lado, a presença de atores mais pro-ativos é
reconhecida: “
existe associado que é mais dinâmico que
o outro. Existe associado que vai mais com o outro
(Associado B - Entrevista 3).

Verifica-se, portanto, que, além do possivel exercicio
individual de poder, ha possibilidade de formaçao de
coalizoes a partir de maiores laços de afinidade e objetivos
individuais comuns, causando perturbaçoes no poder
supostamente simétrico que a rede tentar estabelecer. Por
outro lado, contudo, têm-se posicionamentos opostos
sobre a existência ou nao de diferenças no poder de
decisao: “
Nao. Nao temos isso. Todos têm igualdade de
poder de decisao. Nao existe isso nao
” (Associado E -
Entrevista 6). Formas diferentes de interpretar a existência
ou nao de assimetrias de poder - e mesmo do que venha a
ser poder - podem estar relacionadas com a posiçao de
cada ator no jogo politico, no qual, por um lado, aqueles
que exercem poder nao percebem claramente sua
manifestaçao - uma vez que nem sempre sua ocorrência é
intencional e ou estratégica - enquanto, por outro lado,
aqueles que se encontram em posiçao oposta o vêem como
algo presente nas relaçoes.

Se, por um lado, é iminente a manifestaçao de poder
e a possibilidade de alguns atores perseguirem interesses
proprios, por outro lado, talvez uma das grandes vantagens
das redes seja a sua substancial capacidade de acumular
inùmeras informaçoes, garantindo acesso preferencial aos
membros por meio de suas inter-relaçoes. Atuando isoladas
no mercado, as empresas, provavelmente, teriam mais
dificuldades na obtençao rapida de informaçoes valiosas,
pois aquele é caracterizado pela nao colaboraçao, derivada
do comportamento individualista, além de ser uma escassa
fonte de interaçoes sociais.

O gestor relata que a rede procura cumprir seu papel
de canal de acesso às informaçoes, dado que “[...]
a gente
junta essa gama de informaçao, todo esse desenvolvimento
tecnologico e evolutivo do mercado e leva pra eles
[associados]”. O acesso preferencial de informaçoes que
a rede proporciona é reconhecido pelos associados como
um dos principais ganhos, dado o potencial de crescimento
fornecido aos associados por meio da canalizaçao de
conhecimentos importantes sobre o negocio, que até entao
eram inacessiveis aos atores isolados no mercado. A partir
do momento que a intensidade e a qualidade das trocas
dyadic crescem, a imbricaçao relacional emerge,
proporcionando o compartilhamento de informaçoes que
atendam às necessidades dos individuos e forneçam
soluçoes para problemas operacionais por meio das
experiências dos proprios associados.

“Você tem um problema na sua loja que, às vezes, você nao
consegue ver uma soluçao de imediato [...] Entao, la [na rede]
sao doze cabeças e essa troca de informaçoes, abre-se um
debate às vezes e acha-se uma soluçao melhor do que aquela
que você tomou” (Associado C - Entrevista 4).

Constata-se que estao em jogo contradiçoes que
nascem e tentam ser resolvidas, dado o ambiente de rede
que por si so é paradoxal, pois é composto por individuos
que, embora possuam certos objetivos comuns e
encontrem na rede um meio de realiza-los, também sao
dotados de particularidades e interesses proprios que
nao deixam de existir, mas passam a conviver lado a lado
com particularidades e interesses de outros atores. Estas
contradiçoes revelam a natureza da dinâmica das relaçoes
em rede, estrutura que emerge para comportar
organizaçoes em busca de solidificarem seu negocio e
adquirirem competências, por meio da troca freqüente de
conhecimento e informaçoes, que nao poderiam ser
alcançadas de maneira isolada.

4.2 Mecanismos de coordenaçâo

O espaço da rede potencializa, de maneira
substancial, trocas freqüentes entre os atores envolvidos.
Dessa forma, as relaçoes que se estabelecem tendem a se
tornarem, ao longo do tempo, mais densas, ou seja, as
ligaçoes passam a ser mais intensas e numerosas, o que
eleva o nivel de similaridade comportamental e propicia
aumento do grau de compartilhamento de expectativas.

Evidencia-se, assim, um dos argumentos pelo qual
o grupo nao visualiza a possibilidade da entrada de novos
integrantes, restringindo o acesso à rede. O acesso restrito
reduz os custos de coordenaçao, pois, um nùmero pequeno
de associados leva, necessariamente, a interaçoes
freqüentes e proporciona conhecimento mùtuo entre as
partes envolvidas. Outra explicaçao para a manutençao do

Organizaçoes Rurais & Agroindustriais, Lavras, v. 8, n. 1, p. 58-70, 2006



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